Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2010

Ser e Ter, a peça que faltava

Creio que a maioria de nós, se não todos, já ouvimos aqueles famosos discursos por vezes bastante moralistas sobre a oposição entre o Ser e o Ter. Este último sempre demonizado e tido como a principal causa da grande decadência do mundo contemporâneo. Não podemos negar que realmente o fato de alguém se sentir algo no mundo de hoje está intimamente ligado ao quanto e a o que esse alguém possui materialmente, seja essa posse material o dinheiro, carro, casa ou um belo corpo. Contudo, se observarmos mais de perto, poderemos perceber que esse Ter não parece ser um fim em si, mas apenas um meio para atingir algo mais profundo e almejado hoje em dia: o Parecer. O Ter não garante o sucesso ou o bem-estar que todos procuram, é preciso Parecer ser alguém de sucesso, poderoso ou o que quer que seja. Vivemos num mundo onde a imagem é muito valorizada, se você tem muito dinheiro, mas não tem belas posses que transmitam aos outros a impressão de que você o tem, ninguém irá notá-lo ou tratá-lo com

Futebol Arte versus o Respeito

Percebemos em diversas situações ao assistirmos uma partida de futebol que quando algum jogador faz algum tipo de “gracinha” com a bola, no sentido de desconcertar o adversário e fazer do jogo não só um ato profissional, mas também algo lúdico ou de auto-promoção como um jogador habilidoso o adversário vítima do gracejo responde o gesto desconcertante fazendo uma falta para parar o engraçadinho que além de o ultrapassar, o expõe a uma situação de humilhação perante os expectadores. Após a partida o agressor se justifica, dizendo que foi uma falta de respeito por parte do colega de profissão em humilhá-lo publicamente, dando-lhe os dribles desconcertantes, instigando-o assim, a cometer o ato faltoso. E segue-se o discurso sobre a necessidade de se jogar lealmente, sem “manchar” ou “denegrir” a imagem do profissional que ali está desempenhando o seu papel com atitudes depreciativas como uma bola enfiada entre as pernas do marcador, um chapéu, uma pedalada ou qualquer outro tipo de finta

Alívio Imediato

Vivemos em uma sociedade onde cada vez mais parece proibido se falar em esforço, demora ou qualquer outro tipo de coisa que despenda algum tempo ou trabalho para se resolver. Tudo tem que ser fácil e rápido. Não questiono aqui as filas de banco, engarrafamento ou qualquer outro tipo de atividade que todos concordamos que quanto menos tempo permanecermos neles, melhor. Mas é fato que há uma tolerância muito pequena quanto a tudo o que demande qualquer tipo de trabalho mais demorado hoje em dia. Queremos que tudo se resolva na hora, sem perda de tempo, e com isso acabamos muitas vezes por tentar resolver nossas questões pessoais ou quaisquer tipos de atividades de cunho reflexivo da mesma forma que lidamos com uma dor de cabeça qualquer: com uma pílula que prometa uma solução rápida e um alívio imediato para o desconforto pelo qual passamos. Caso tenhamos de nos deter por um determinado tempo numa determinada questão ou se algo não oferece os benefícios que desejamos no menor tempo poss

Tiririca e a desilusão com a política no Brasil

Nas últimas semanas, presenciamos algumas cenas que poderiam ser classificadas como, no mínimo, inusitadas: um bando de políticos ditos sérios atacando o palhaço Tiririca, candidato a deputado federal, por este estar fazendo brincadeiras tidas como inoportunas no horário eleitoral e, ao mesmo tempo, arrebanhando para si as intenções de voto de uma grande massa de eleitores segundo as pesquisas de opinião. É óbvio que o que incomoda aos outros candidatos não é somente a postura zombeteira do candidato palhaço, mas o fato de seu discurso brincalhão e sem nenhum tipo de proposta consistente no que se refere a saúde, educação, emprego ou qualquer outro tema de interesse público estar atraindo mais a atenção, e claro, os votos, de um elevado número de eleitores. A questão que gera interesse aqui não é somente o chamado “voto de protesto” ou mesmo o voto descompromissado com os interesses públicos, tão alardeado pelos mais variados meios e pessoas em torno do assunto. O que chama a atenção

Da necessidade dos especialistas

Sempre que assistimos a algum telejornal ou programa de entrevistas nos deparamos com um tema mais ou menos chamativo e cuja investigação foge um pouco do âmbito do cidadão comum. Então, logo aparece um “especialista no assunto”, chamado para dar o seu parecer sobre o tema. Muitas vezes as opiniões expressadas por esse referido indivíduo são bastante pertinentes, coisa que já era de se esperar de um “especialista”. Porém, o que acaba sendo intrigante é que temas cada vez mais banais tenham que ser tratados por gente dita entendida no assunto, o cidadão comum já não pode participar ativamente da discussão. Além do excesso de aprimoramento requerido nos mais diversos quesitos, característica que acaba afastando o vulgo de um aparato teórico para debater sobre os temas, nota-se também uma incapacidade por parte da maioria das pessoas de lidar com temas corriqueiros baseando-se em análises próprias. Seja por falta de conhecimento ou de tempo para pensar sobre os próprios problemas, vemos

Internet versus livros: a revanche

Constantemente nos deparamos em jornais, salas de aula, programas de televisão, dentre outros, com queixas sobre o caráter negativo da Internet e sua influência na falta de interesse pela leitura principalmente entre os jovens. Os comentários mais recorrentes são os de que a Internet substituiu os livros e que a famosa cultura do “Control C, Control V” tomou conta da nossa juventude, agora totalmente alheia aos verdadeiros objetivos das pesquisas escolares e que os mesmos nem mais lêem aquilo que copiam e colam da rede mundial de computadores. Não podemos descartar totalmente o mérito destas críticas, mas algumas perguntas são cabíveis antes de tomarmos qualquer conclusão como verdadeira neste caso. Quando foi que as pessoas tiveram um interesse profundo pela leitura, antes da “malvada” Internet chegar e estragar tudo? Antes da Internet os alunos tinham o hábito de ler aquilo que estavam copiando dos livros para as pesquisas escolares ou apenas procuravam as palavras-chave que constava

O espaço da mulher em nossa sociedade: qual é ele?

Em todo canto podemos ouvir os elogios sobre as conquistas da mulher nesse mundo tão masculino e pelo espaço que ela ocupa em nossa sociedade, obtendo privilégios que antes eram exclusividade apenas dos homens. E falam da liberação sexual, da disputa pelo mercado de trabalho com desempenho muitas vezes superior (apesar dos salários ainda inferiores), da decadência do macho e tantas outras coisas. Mas o que seriam realmente essas conquistas? A conquista de poder trabalhar fora o dia todo e depois ainda ter que cuidar da casa dos filhos e do marido? Ou de demonstrar que pode fazer tudo tão bem ou até melhor que o homem e ainda assim ser considerada o “sexo frágil” ou o “segundo sexo” (nas mais diversas implicações desse termo)? Poderíamos dar diversos outros exemplos, mas creio que o leitor já compreendeu a proposta do tema. Alguns pontos-chave para a compreensão do papel da mulher na sociedade atual parecem passar despercebidos pela maioria das pessoas e são a causa de um grande engano