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Mostrando postagens de junho, 2011

O paradoxo do tempo livre

O tempo todo somos bombardeados pelas propagandas que nos oferecem produtos que prometem facilitar a nossa vida, economizar tempo nas tarefas diárias e nos proporcionar mais tempo livre. De fato, diversos deles realmente encurtam em muito o tempo que gastaríamos nas mais variadas atividades cotidianas que realizamos. Mas então o tempo livre que nos sobra, empregamos em quê? Por mais que tenhamos tempo disponível, nunca encontramos o suficiente para fazer tudo aquilo que gostaríamos. O tempo vem se encurtando, como diriam alguns? Creio que não, prefiro acreditar que quanto mais tempo livre temos, mais o utilizamos em atividades que o consomem e fazem com que ele não seja mais “livre”. Temos atualmente uma verdadeira compulsão por “ocupar o tempo livre”, fazer desse tempo algo produtivo, espaço de lazer, de trabalho, de especialização e muitas outras coisas. Com isso, o tempo que era livre se torna um tempo de trabalho, de ocupação da mente e do corpo em algum tipo de atividade que o t

Por que o diferente incomoda?

Vivemos em um mundo globalizado, nitidamente multicultural, multifacetado, onde diversas perspectivas e visões de mundo interagem o tempo todo. Convivemos o tempo todo com pessoas que possuem gostos, preferências, ideias, visões de mundo muito diferentes das nossas e muitas vezes até batemos no peito para enfatizar a “beleza” dessa diferença entre as pessoas. Mas será que esse discurso de exaltação da diferença é mesmo genuíno? A diferença é para nós o tempero que deixa a vida mais saborosa ou aquilo que justamente amarga as nossas bocas e nos tira o bom humor? Quando se pensa nas intermináveis guerras de torcida, acusações entre as igrejas e seus membros sobre qual seria a “mais verdadeira”, a que não “serve ao inimigo”, e outras alegações afins, nos partidos políticos que não se entendem e elevam suas divergências para além do bem da população pela qual deveriam zelar, além de outros tipos de preconceitos quanto ao gosto musical, estilo de se vestir, classe social, cor de pele, orie

A gaiola do gênero

Afinal, qual é a verdadeira diferença entre o homem e a mulher? Fora alguns detalhes anatômicos, fica difícil determinar algumas diferença reais, que não tenha sido fruto de uma construção social. O homem é o sexo forte e a mulher o frágil? A mulher age baseada na emoção e o homem na razão? Homem não chora? Será que esses conceitos não nos foram incutidos por uma pressão discursiva milenar, oriunda de uma visão determinada e reducionista do ser humano em vez de observações imparciais e rigorosas acerca do verdadeiro comportamento desses dois representantes da raça humana? Não precisamos ir muito longe para perceber que a resposta está bastante clara: não sabemos muito sobre nossas reais diferenças, o que sabemos foi o que nos enfiaram na cabeça através dos mais variados meios (televisão, família, cultura, religião, etc...) A noção de sexo forte ou frágil é bastante precária, pois se procuramos nos informar sobre o sentido da palavra força, ela indica a capacidade de mobilizar algo ou

Homofobia e o velho discurso do respeito

Nos últimos tempos tem-se acirrado as discussões a respeito de leis que transformam a homofobia em crime, e uma iniciativa anda pelo congresso gerando polêmica sobre a divulgação e utilização pelos professores de Ensino Médio de um kit anti-homofobia. Mesmo antes de se saber realmente o verdadeiro conteúdo do tal kit, muitos já levantam a bandeira dos “bons costumes”, e até mesmo do “direito do heterossexual”, divulgado aos brados pelo deputado Jair Bolsonaro e apoiado por boa parte dos hipócritas conservadores tanto dentro quanto fora do congresso. Parece ridículo dentro de um Estado laico como se diz que é o nosso, e ainda por cima democrático, onde determinados grupos sociais não tem vez e nem voz, ficando à mercê de grupos organizados e sabidamente retrógrados, representados pelas bancadas ligadas a igrejas das mais variadas denominações (estado laico?), ex-militares que ainda exaltam os anos da ditadura (democracia?), e que ainda fazem discursos pretensamente respeitosos para com