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Mostrando postagens de julho, 2017

O animal e a linguagem

Aristóteles definiu o ser humano como um animal racional e dotado de linguagem. A questão de ser racional já foi amplamente explorada e mesmo utilizada para colocar a nossa espécie como superior ao resto dos animais, mas o segundo aspecto da definição aristotélica ainda é pouco considerado e não goza do mesmo grau de importância atribuído ao primeiro. Para o filósofo, a linguagem permite aos homens deliberar sobre o certo e o errado, o justo e o injusto. Desta forma, a linguagem permitiria aos seres racionais trocarem percepções entre si e construírem juntos um mundo comum que pudesse trazer o convívio harmônico e, com isso, a sociedade ideal. Infelizmente esse fator tão preponderante no ser humano não foi tratado com toda a seriedade com que se tratou a racionalidade durante todo o nosso progresso histórico. Se a racionalidade, aliada à técnica, construiu maravilhas e mesmo aberrações que ao mesmo tempo nos enchem de admiração e temor, com a linguagem parece que ainda estamos enga

Rodrigo Hilbert e o macho vitimista

Refletir, tarefa difícil

Nossos pensamentos nos vêm à mente mesmo sem nos darmos conta deles. Por isso, quando se trata de pensar de maneira crítica sobre as coisas, principalmente nos dias tão conturbados em que vivemos, achamos que rapidamente seremos capazes de encontrar uma saída fácil e rápida para aquilo que nos aflige. Engano. A reflexão exige um desdobramento que nem todos se encorajam realmente a fazer. Questionar é enfrentar problemas, desenterrar fantasmas e encarar nossas próprias limitações. O homem não reflete por prazer e sim para solucionar questões que o afligem, por isso a atitude reflexiva apesar de parecer algo simples, nos causa tanto desconforto e a maioria prefere não fazê-la constantemente. Alguns a evitam a qualquer custo. Quem se dedica a essa atividade seja por hobby ou profissão é considerado um sobre-humano ou alguém com algum tipo de problema. Desta forma, rapidamente vemos que as pessoas tendem a aceitar soluções “mágicas” oferecidas por qualquer oportunista em vez de assum

A teoria da evolução e o nosso orgulho ferido

Charles Darwin deu um verdadeiro tiro no nosso orgulho ao propor a teoria da evolução das espécies. Pensar que não possuímos uma origem divina ou totalmente separada do resto dos animais que habitam este planeta nos incomoda imensamente. Não queremos nos comparar com o resto dos seres com quem convivemos, a não ser para confirmar a nossa superioridade. A modernidade através de Descartes cunhou o termo “ser racional” para definir o ser humano, substituindo o termo aristotélico “animal racional”, que já conferia a nós uma certa diferenciação em relação aos outros animais, mas ainda nos conservando entre eles. A palavra SER nos coloca num degrau mais elevado, faz parecer que quando se fala do ser humano não nos referimos a nenhum animal como os outros, mas de uma entidade imaterial. Algo que possui um corpo parecido com os demais, no entanto sua verdadeira essência está em algo mais elevado, em sua alma, sua intelectualidade etérea e inacessível ao restante das espécies do planeta.