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Mostrando postagens de 2013

Dilemas da contemporaneidade

O advento da Internet indubitavelmente nos trouxe uma profusão de novidades, ideias, conhecimentos, que por outra forma teríamos muita dificuldade em acessar. Com um simples clique, ou alguns, temos contato com uma infinidade de coisas que talvez não tivéssemos coragem de perguntar ou tempo para procurar em outros lugares. A democratização da informação, e até mesmo o excesso de bombardeamento que sofremos mesmo sem querer com tantos estímulos recebidos nos provoca um acerta sensação de exaustão em meio a tanta coisa sendo falada, oferecida, divulgada, tantos convites para redes sociais, causas humanitárias, posicionamentos diversos sobre temas polêmicos... A Internet parece não mais um lugar de fuga da realidade, como se alegava até um tempo atrás (ou mesmo ainda hoje), mas uma nova arena social, onde mesmo no conforto do nosso lar somos invadidos e estimulados o tempo todo, sabendo que um determinado grupo espera uma postura de nossa parte à qual podemos aceitar ou declinar, colhen

Aos “amantes” dos animais

Nos últimos tempos, e principalmente nas últimas semanas, vem sendo levantado um grande debate sobre os direitos dos animais e do papel dos grupos de defesa dos mesmos. Apesar do grande avanço da tecnologia e da substituição progressiva do uso de cobaias animais por outros tipos de análise de novos medicamentos, cosméticos etc. ainda podemos perceber que em muitos setores a sua utilização em lugar de seres humanos para testes em geral é praticada sem maiores constrangimentos. Obviamente, poucos dirão que os maus tratos ou mesmo a exposição desses animais a produtos que podem ser nocivos é algo desejável ou que o tratamento recebido por eles deva ser degradante ou violento. Porém, o que choca em alguns integrantes desses grupos defensores dos direitos dos animais é o total desprezo pelo ser humano em relação ao afeto que demonstram pelos bichos que defendem, como se o amor por uma espécie implicasse necessariamente o desdém pela outra. Não faltam comentários de os animais são preferív

A condenação da liberdade

Sartre dizia que “estamos condenados à liberdade”. Isso parece ser uma grande verdade. E o termo que ele utiliza para se referir a nossa liberdade, a “condenação” a qual estamos submetidos e, portanto, irremediavelmente livres também é um termo muito oportuno. O fato de nos crermos livres e donos do nosso destino é o principal causador de nossas angústias, pois caso contrário só teríamos que nos conformar com o destino ou qualquer outro nome que quiséssemos dar para a força que nos moveria a um fim pré-determinado e sem respeitar as nossas escolhas. Porém, crermos que somos donos de nossos destinos e artífices de nosso mundo nos coloca frente a frente com a responsabilidade de arcar com o peso de tudo quanto decidimos e de todos os futuros aos quais recusamos. Optar por algo significa ignorar todas as outras possibilidades que a vida nos oferece, negar a concretização de tantos outros modos de ser e viver aos quais também de certa forma nos apetecem. Isso tudo em um mundo onde somos

O medo das mudanças

Mudar nunca é um processo fácil. Mesmo quando temos total convicção de que estamos tomando a decisão correta ainda nos vemos podando a nós mesmos com nossas travas e nossas autossabotagens. Às vezes o medo do desconhecido parece mais assustador do que o desconforto já familiar. Por isso frequentemente vemos pessoas que reclamam da atual situação em que vivem, porém não se mobilizam para aproveitar as chances que a vida proporciona para que possam alterar seu estado atual. Seja no emprego, relacionamento ou qualquer outro aspecto de suas vidas, as pessoas apresentam uma enorme resistência ao novo e às alterações bruscas em suas rotinas. A rotina acima de tudo traz uma sensação de segurança a quem a vivencia, faz com que se tenha a sensação de que se pode fugir do imprevisto, do desconhecido, de tudo aquilo com o qual ainda não nos deparamos e não sabemos se conseguiremos lidar. A situação atual, por pior que seja, representa nossa segurança, nossa zona de conforto e toda a rotina que

Autoamarras

Passei vários meses sem escrever, e alguns amigos já começavam a me cobrar por isso. Eu também confesso que já começava a ver este espaço como uma espécie de “obrigação”, pensava talvez que aqueles que sempre buscavam os meus textos poderiam desanimar e deixar de buscar por minhas publicações por conta do meu pretenso “sumiço”. Depois comecei a pensar melhor na questão e me percebi já envolvido um pouco nessa trama de achar que possuía um “compromisso” e um ”nome a zelar”, mesmo com este blog tão modesto como é o meu. Creio que boa parte das coisas que fazemos na vida também possuem esta inspiração: começamos sem saber direito no que vai dar, depois acabamos nos envolvendo com aquilo e logo achamos que devemos, de qualquer forma, manter aquela imagem que foi criada, ou que nós mesmos criamos, daquilo que somos ou fazemos. E o que era prazer, projeto ou algo assim passa a adquirir características de obrigação, compromisso, dever... E passamos a fazer as coisas não mais pela motivação