Em ano eleitoral as pessoas, ao contrário do que se costuma dizer sobre os brasileiros, costumam falar mais de política e, apesar da falta de tradição em discussões nesse assunto, se atrevem a se posicionar ou pelo menos expor alguma opinião sobre o tema. Alavancado pelas manifestações do ano passado e os grupos que ainda saem às ruas aproveitando a visibilidade provocada pela Copa do Mundo de futebol, o debate político invadiu principalmente as comunidades das redes sociais e vem aumentando como tema das postagens compartilhadas principalmente pelos descontentes com os atuais governos, em todas as esferas, principalmente a federal.
Mas o que se pode perceber apesar de todo o avanço que é ver as discussões se ampliando e tomando conta do espaço público é, talvez por falta de uma maior tradição de estudos e interesse nesse aspecto, que os debates ainda beiram muito o senso comum e carecem de um aprofundamento teórico e conceitual, fazendo com que as discussões, na maioria das vezes, fatalmente acabem por se tornar bate-bocas. Um verdadeiro festival de conceitos rasos e mal fundamentados de ambas as partes, apresentados de forma apaixonada e acrítica, sem nenhum respeito pela opinião alheia ou interesse por adentrar em seus pressupostos teóricos, quando existem.
Temos uma direita burra e uma esquerda retrógrada, que se digladiam mas agem de forma muito parecida quanto aos métodos e atitudes, com um comportamento ainda muito infantil e mal formado politicamente para de fato produzirem um debate frutífero sobre o futuro do país. Provavelmente ainda levaremos um bom tempo até que esse debatedores que provavelmente leram muito pouco, consultaram poucas fontes e estão mais preocupados com medidas imediatistas e espetaculares do que com projetos duradouros, coisa típica de nossos tempos, possam ampliar sua compreensão de seu assunto de pauta ou que sejam sucedidos por uma nova geração mais esclarecida e menos preguiçosa.
O que pode servir como consolo, e não devemos desprezar este fato, é que mesmo com todas essas distorções e absurdos que presenciamos cotidianamente nas redes sociais e na maioria dos debates, até os que se dizem sérios, é que para um povo que tinha a política como um tema totalmente estranho e alheio ao seu mundo, damos o primeiro passo para nos tornarmos mais conscientes de nosso papel como cidadãos e partícipes desse processo do qual fugimos durante tanto tempo. Só nos resta esperar que depois de toda essa tensão entre supostos contrários possamos achar um ponto de equilíbrio, que não anule as divergências, visto que isso não seria nada produtivo para a democracia, mas que encontre uma via que realmente coloque o país na rota de uma emancipação não só econômica e social, mas também intelectual e ética.
Realmente precisamos retomar a capacidade de sermos críticos, sem dependermos desses politicos burros e retrogrados. ....Muito bom texto!
ResponderExcluirA leitura aprofundada e diversificada, quando ocorrer por aqui, certamente proporcionará a maior das revoluções. Reputo serem as discussões postas hoje partidárias, com horizonte atrelado a governos e nunca a Estados.
ResponderExcluirTexto muito bem articulado e pertinente, na medida em que revela nossa maior deficiência, que é o distanciamento do saber.
Acho difícil encontrarmos este ponto de equilíbrio,a emancipação intelectual e ética são quase impossível, antigamente muito rara,hoje a ética inexiste na política.
ResponderExcluirIntelectualidade política os políticos tem de sobra,eles "NÃO" são burros, suas manobras e estratégias são perfeitas,o povo é uma massa completamente dopada e controlada pelos intelectuais da política. Falou-se de política o ano todo nas redes sociais,foi uma coisa inútil,as mentes dos cidadãos não evoluiram um milímetro sequer.
Os políticos que estão concorrendo nesta eleição são os mesmos que já estão no poder há anos,e os novos são adeptos dos partidos destes mesmos tiranos chamados de burros mas com inteligência suficiente para todos os anos se reelegerem e elegerem seus apadrinhados....
Bandidos e corruptos sim ,burros não!
Burros somos nós que somos maioria e permitimos esta situação,se eles estão no poder corrompendo,roubando e matando é porque nós os colocamos lá para fazerem isso.
Como cidadãos nossa missão é somente dar continuidade á corrupção validando a candidatura dos bandidos com nossos votos.