Mudar nunca é um processo fácil. Mesmo quando temos total convicção de que estamos tomando a decisão correta ainda nos vemos podando a nós mesmos com nossas travas e nossas autossabotagens. Às vezes o medo do desconhecido parece mais assustador do que o desconforto já familiar. Por isso frequentemente vemos pessoas que reclamam da atual situação em que vivem, porém não se mobilizam para aproveitar as chances que a vida proporciona para que possam alterar seu estado atual.
Seja no emprego, relacionamento ou qualquer outro aspecto de suas vidas, as pessoas apresentam uma enorme resistência ao novo e às alterações bruscas em suas rotinas. A rotina acima de tudo traz uma sensação de segurança a quem a vivencia, faz com que se tenha a sensação de que se pode fugir do imprevisto, do desconhecido, de tudo aquilo com o qual ainda não nos deparamos e não sabemos se conseguiremos lidar. A situação atual, por pior que seja, representa nossa segurança, nossa zona de conforto e toda a rotina que ela proporciona. Se lançar no novo significa abrir mão de tudo aquilo que se tem como certo e programado, é jogar para o alto todo um roteiro de vida e se jogar num turbilhão de possibilidades que, por mais promissoras que pareçam, podem não se concretizarem da forma desejada.
Dentro dessa linha de raciocínio, apanhar do marido, persistir num relacionamento desgastado, trabalhar duro e ganhar um baixo salário, sofrer assédio moral nesse emprego ou aceitar continuar vivendo uma vida sem sentido e sem prazer, ainda que por mais desprezíveis e indesejáveis nos possam parecer, representam todo o mundo e todo o horizonte que muitos conhecem para organizar suas vidas e todas as conexões com as quais dão sentido a suas existências. Abandonar tal situação é ainda correr o risco de se perceberem dispensáveis, substituíveis, indivíduos que darão lugar a outros ou outras que realizarão o que antes faziam com o mesmo ou até melhor desempenho. É terem que deixar de se enxergarem como únicos e insubstituíveis, mesmo que numa situação deteriorante. Assim, não é tão difícil imaginar como é difícil abrir mão de tudo aquilo a que se apegaram e com o que construíram seu castelo conceitual, onde um simples tijolo arrancado pode representar um rombo na estrutura de suas personalidades. Um vácuo que não poderá ser preenchido senão com outro tijolo de igual valor e com base em um processo sempre longo e demorado.
Logo, não basta apenas oferecer vantagens imaginárias para favorecer a coragem de mudar, também é necessário aprender e ensinar a arte do desapego, de viver menos pautado pelos padrões e por tudo aquilo que sempre nos foi tão caro e que ainda nos impele a procurar o que já é conhecido, que não apresenta grandes surpresas ou sobressaltos. É necessário nos libertarmos do vício, da dependência psíquica da qual praticamente todos, de uma forma ou de outra sofremos: aquela que nos faz procurar o ponto onde toda a nossa vida tome ares mais mornos, onde até as reclamações sejam as mesmas e sintamos o máximo torpor diante da existência, não precisando nos mobilizar para muita coisa e nem precisemos nos desgastar com sobressaltos e eventos extremos. Ou seja, é preciso aceitarmos que por mais modelos e padrões que tenhamos inventado para tentar prender a vida e deixá-la ao nosso gosto ela sempre vai acabar nos surpreendendo e nos mostrando que é ela quem está no controle e não nós. Portanto, arriscar é preciso, pois a vida até recompensa os bons, mas ela é muito mais generosa com os ousados.
Não é fácil sair da zona de conforto,mas é necessário...ser ousado é delicioso...dar um passo em direção ao desconhecido e se nortear por outros pontos de vista é sensacional!.... Viva a liberdade em todos os seus aspectos e riscos!...Viva as mudanças que nos fazem viver a vida com mais intensidade!
ResponderExcluirMuita das vezes o que nos impede que aja a verdadeira mudança,é trocar o certo pelo incerto,as incertezas nos fazem ficar imobilizados,estacionados mesmo que indignados.A vida segue assim,sendo regida pela possibilidade de que algum dia as coisas possam melhorar.O medo de mudança nos faz sobreviver sem que se tenha a verdadeira transformação de sair da rotina imposta por nós mesmos,deixando de viver o que realmente nos fazem felizes e realizados.toda mudança pode nos trazer grandes felicidades,mais pode também nos ocasionar frustrações eternas,e como descobrir no que vai dar?Então o que nos resta é somente tentar e lembrar de nos questionar se verdadeiramente irá valer a pena!
ResponderExcluirIsso aí: ousadia - sou adepto. E como cantou Gilberto Gil...o eterno deus "MU" dança.
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