Vivemos em um país que se orgulha de ser multicultural, multirracial, multirreligioso e que, portanto, propicia uma conivência pacífica e harmoniosa entre os mais variados grupos, favorecendo assim a tolerância e a liberdade de expressão.
Mas não é preciso ir muito longe para nos darmos conta de que essa suposta liberdade não passa de uma fachada muito superficial e mal disfarçada. A liberdade de expressão só é bem vista e tolerada pacificamente enquanto não se desvia demais das visões predominantes em nossa sociedade. Aquilo que o nosso senso comum já tem como algo correto é assimilado e repetido sem nenhuma tentativa de refutação, mas aquelas opiniões que escapam do pensamento corrente são rechaçadas com escárnio, arrogância e por vezes até mesmo com violência pelos grupos predominantes.
Se alguém demonstra publicamente que é cristão, dificilmente achará quem lhe chame a atenção por sua postura ou que tome providências para impedir que sua atitude. Porém, se alguém tenta publicamente se declarar ateu a conversa é outra. Só o fato de se declarar como tal já atrai a ira daqueles que se encontram a sua volta. Logo dirão o quanto esta pessoa é ingrata por não reconhecer o trabalho do criador em todos os âmbitos de sua vida, de todos os sinais da presença divina espalhados pelo mundo e várias outras demonstrações “inquestionáveis” de existência de Deus. Numa atitude mais taxativa, pode-se até alegar que essa pessoa deve guardar suas opiniões difamatórias só para si e não tentar contaminar os cidadãos de bem. Talvez até lhe façam belos sermões e lhe ofereçam algum curso bíblico para que se converta.
Provavelmente também não será visto com bons olhos quem defenda a causa palestina em detrimento dos interesses de Israel, pois depois do holocausto parece que os judeus adquiriram um “passe livre” para fazerem o que quiser sem serem questionados, já que se considera que eles “já sofreram o bastante” e agora têm o direito de descontarem em seus inimigos uma parte do horror ao qual os seus antepassados foram submetidos. Há até mesmo os que por seguirem a narrativa bíblica e a descrição de que aquelas terras foram prometidas aos judeus pelo próprio Deus creem que os mesmos possuem um direito inquestionável sobre aquele território. Dizem também que eles já eram os donos daquele lugar desde muito tempo e só estão tomando o que lhes é devido. Mas se o critério para a posse da terra é estar nela a mais tempo, não deveríamos nós também voltar para a Europa e devolver toda a América para os índios? Talvez até pagar-lhes aluguel pelos quinhentos anos que estamos instalados em suas terras. Isso sem falar das doenças que trouxemos, das mortes causadas, da destruição de suas culturas, estupros, demonização de seus costumes e tantas outras atitudes que dinheiro nenhum pode pagar.
Vários outros exemplos poderiam ser colocados para ilustrar essa situação, mas creio que o leitor já percebeu onde se pretende chegar com este texto: debaixo do fino verniz de polidez do qual nos orgulhamos tanto na verdade só estamos receptivos de verdade àquilo que nos interessa e faz parte do conjunto de ideias e valores que cultuamos e julgamos corretos. Caso contrário, reagimos com argumentos que julgamos altamente cabíveis e bem fundamentados quando no fundo só denotam o quanto estamos presos a um determinado ponto de vista e estamos dispostos a defendê-lo com unhas e dentes, inconscientes de que a lógica que os sustenta está situada mais na nossa mente do que propriamente nos fatos a ele relacionados.
Os únicos que conseguem escapar de certa forma desta fina trama são os loucos e os humoristas. O louco pode ficar a vontade nos seus devaneios e opiniões, porém essas opiniões não são nem levadas em consideração. O humorista mobiliza seu público através do riso, detém mais poder de persuasão que primeiro, por isso mesmo é mais visado e sofre mais represálias (vide Rafinha Bastos).
Peçamos aos deuses, a Javé, aos espíritos de luz ou a quem quer que seja (se é que algum deles existe) para que algum dia possamos realmente demonstrar nossas ideias com liberdade sem que para isso precisemos mascará-las com o humor e nem abdicar de nossa sanidade mental. Seria um preço muito caro a pagar para poder se expressar livremente.
Mas não é preciso ir muito longe para nos darmos conta de que essa suposta liberdade não passa de uma fachada muito superficial e mal disfarçada. A liberdade de expressão só é bem vista e tolerada pacificamente enquanto não se desvia demais das visões predominantes em nossa sociedade. Aquilo que o nosso senso comum já tem como algo correto é assimilado e repetido sem nenhuma tentativa de refutação, mas aquelas opiniões que escapam do pensamento corrente são rechaçadas com escárnio, arrogância e por vezes até mesmo com violência pelos grupos predominantes.
Se alguém demonstra publicamente que é cristão, dificilmente achará quem lhe chame a atenção por sua postura ou que tome providências para impedir que sua atitude. Porém, se alguém tenta publicamente se declarar ateu a conversa é outra. Só o fato de se declarar como tal já atrai a ira daqueles que se encontram a sua volta. Logo dirão o quanto esta pessoa é ingrata por não reconhecer o trabalho do criador em todos os âmbitos de sua vida, de todos os sinais da presença divina espalhados pelo mundo e várias outras demonstrações “inquestionáveis” de existência de Deus. Numa atitude mais taxativa, pode-se até alegar que essa pessoa deve guardar suas opiniões difamatórias só para si e não tentar contaminar os cidadãos de bem. Talvez até lhe façam belos sermões e lhe ofereçam algum curso bíblico para que se converta.
Provavelmente também não será visto com bons olhos quem defenda a causa palestina em detrimento dos interesses de Israel, pois depois do holocausto parece que os judeus adquiriram um “passe livre” para fazerem o que quiser sem serem questionados, já que se considera que eles “já sofreram o bastante” e agora têm o direito de descontarem em seus inimigos uma parte do horror ao qual os seus antepassados foram submetidos. Há até mesmo os que por seguirem a narrativa bíblica e a descrição de que aquelas terras foram prometidas aos judeus pelo próprio Deus creem que os mesmos possuem um direito inquestionável sobre aquele território. Dizem também que eles já eram os donos daquele lugar desde muito tempo e só estão tomando o que lhes é devido. Mas se o critério para a posse da terra é estar nela a mais tempo, não deveríamos nós também voltar para a Europa e devolver toda a América para os índios? Talvez até pagar-lhes aluguel pelos quinhentos anos que estamos instalados em suas terras. Isso sem falar das doenças que trouxemos, das mortes causadas, da destruição de suas culturas, estupros, demonização de seus costumes e tantas outras atitudes que dinheiro nenhum pode pagar.
Vários outros exemplos poderiam ser colocados para ilustrar essa situação, mas creio que o leitor já percebeu onde se pretende chegar com este texto: debaixo do fino verniz de polidez do qual nos orgulhamos tanto na verdade só estamos receptivos de verdade àquilo que nos interessa e faz parte do conjunto de ideias e valores que cultuamos e julgamos corretos. Caso contrário, reagimos com argumentos que julgamos altamente cabíveis e bem fundamentados quando no fundo só denotam o quanto estamos presos a um determinado ponto de vista e estamos dispostos a defendê-lo com unhas e dentes, inconscientes de que a lógica que os sustenta está situada mais na nossa mente do que propriamente nos fatos a ele relacionados.
Os únicos que conseguem escapar de certa forma desta fina trama são os loucos e os humoristas. O louco pode ficar a vontade nos seus devaneios e opiniões, porém essas opiniões não são nem levadas em consideração. O humorista mobiliza seu público através do riso, detém mais poder de persuasão que primeiro, por isso mesmo é mais visado e sofre mais represálias (vide Rafinha Bastos).
Peçamos aos deuses, a Javé, aos espíritos de luz ou a quem quer que seja (se é que algum deles existe) para que algum dia possamos realmente demonstrar nossas ideias com liberdade sem que para isso precisemos mascará-las com o humor e nem abdicar de nossa sanidade mental. Seria um preço muito caro a pagar para poder se expressar livremente.
Augusto
ResponderExcluirNão sou tão filosofico, mais admiro as pessoas com força de expressão de dedicação, Sua pagina não estara esquecida por mim e sempre que puder estarei passando por ela. Parabens menino, pela iniciativa, e que ela continue crescendo como sua força de vondade e expressão.
pedro candido.
o dinheiro não paga tudo que precisamos!
ResponderExcluirnão paga a nossa liberdade de expreção.
não paga a nossa vida.
afinal para que serve o dinheiro? é só um modo de sobreviver que já matou muita gente.