A atual disputa
presidencial denuncia o quanto somos parciais e mal formados. Prezamos certas
características e desprezamos outras, e nos espelhamos em quem parece que
compartilha dessas mesmas aspirações. E quando vamos para o campo político, que
encaramos como um embate entre torcidas rivais, isso chega a patamares
estratosféricos.
Comecemos pelos
candidatos com maior intenção de votos, ambos respondendo criminalmente na
condição de réus. Os dois já condenados e aguardando um parecer definitivo após
recorrerem das decisões judiciais. Ainda assim possuem seguidores fiéis que os
apontam como mártires da moralidade e da preocupação com o bem comum. Cada ato
deles é recebido como algo vindo de uma esfera sobrenatural e que não comporta
nenhum tipo de contradição, sob pena de se desqualificar a pessoa que critica
sob os mais variados adjetivos pejorativos. São seres além da compreensão dos
humanos comuns e só aqueles que os seguem sabem verdadeiramente o verdadeiro
teor de suas máximas tão deturpadas pelos seus opositores ignorantes.
Nos debates ninguém quis se
expor demais, a não ser o Cabo Pastor que é utilizado como meme nas redes
sociais e não costuma ser levado a sério. Todos querem passar uma imagem de
equilibrados e cientes do que dizem, assim como aqueles que guardam o segredo
para arrancar o país da crise. Momentos de crise sempre atraem oportunistas
como o estrume atrai as moscas. E nossa população incauta e inculta se
considera totalmente apta a estabelecer a diferenciação entre boas e más
propostas, entre maus e bons candidatos. A ilusão de ser esclarecida o
suficiente para julgar sem procurar mais conhecimento a está empurrando cada
vez mais para a beira do abismo enquanto ela estufa o peito para se dizer entendida
do assunto a ponto de apontar o futuro escolhido para, com sua força e
capacidade sobre-humana, elevar o país a uma condição paradisíaca.
Os candidatos que estão
em vantagem nas pesquisas representam sim o país, isto é fato. Eles incorporam
aquilo que a população é e almeja em seu íntimo: corrupção, ignorância,
preguiça de assumir responsabilidades com o bem comum, messianismo, o vitimismo
e tantas outras falhas de caráter que nos são tão caras e difíceis de
abandonar.
Os candidatos só serão
sérios quando a nossa ênfase no que queremos para o país também for séria. Mas enquanto
nos contentarmos com discursos doces de gente que diz ser capaz de resolver
tudo sozinhos sem que precisemos nos preocupar em acompanharmos o processo como
participantes ativos, por mais que isso possa ser desgastante e cansativo,
teremos que nos contentar com todo tipo de gente mal intencionada ou
aventureira que queira nos direcionar para onde quer que seja.
E então daqui a quatro
anos refaremos todo esse ciclo novamente, maldizendo aquele que sai sem dar as
respostas que desejávamos e projetando nossas expectativas no próximo “salvador”.
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